quinta-feira, 31 de julho de 2008

morte antecipada

Vejam o que faleceu antes da Dercy:

Vista do Minhocão em 29/6

Já leram o obituário da Déia? Está ótimo.

domingo, 27 de julho de 2008

jardim público




Todo cidadão deveria ter o direito a uma praça perto de casa. Existe alguma lei que permita isso? Um dos maiores choques de quem muda para a grande metrópole ou sai de uma casa para um apartamento é a falta de jardim.



No filme La Faute à Fidel, a protagonista enfrenta exatamente isso: quando seus pais se mudam para um apartamento, sua amiguinha comenta, “vocês não têm mais jardim”. E a Anna retruca que agora eles vão às praças.

Para que essa substituição seja perfeita, entendo praça como uma área de convivência e lazer para fazer a fotossíntese. Procuro nesse espaço gramado para sentar, alongar, fazer piquenique, etc. e receber raios de sol. As praças do Centro geralmente têm jardim com flores e cerquinhas: ninguém pode sentar na grama, apenas nos banquinhos.

Na Flip, a diretora salteña Lucrecia Martel comentou que, mesmo muitos anos fora de nossa cidade natal, vamos nos sentir ETs na nova cidade, o que provocará inevitáveis comparações. Eu vivo esse conflito. Enquanto em Porto Alegre, eu podia escolher a que praça ir – para qualquer lado da rosa dos ventos –, e todas elas teriam sol e grama, mas eu tinha jardim e pátio. Nem preciso citar o bairro, pense em qualquer região da capital gaúcha: não vê uma pracinha a poucos passos?

Em São Paulo, até tenho varanda – que não pega sol, só um viés de luz no comecinho da manhã, uma vez por ano. Achava que não tinha praça, mas veja bem, posso ir a pé a várias delas: Praça Roosevelt, Praça Dom José Gaspar, Praça Ramos, Praça Buenos Aires, Praça do Bixiga, Praça da Sé. Pois nenhuma delas tem grama para sentar. A mais arborizada delas, pelo menos para valorizar o nome, é a Buenos Aires, talvez uma das metrópoles melhor resolvidas com as áreas verdes que conheço.

Na capital paulista, temos os parques. Nenhum deles acessíveis. O Parque Ibirapuera ainda nem tem metrô perto. Para quem chegar de ônibus, as paradas ficam longe uma da outra – é realmente um parque para andar, mas não há estrutura sequer para alguém caminhar pela calçada fora das grades, ao redor do parque. (Poderia fazer um longo monólogo sobre o Ibirapuera, seus shows gratuitos e suas águas dançantes, mas vamos parar por aqui.) Do Parque Villa-Lobos, nem vou falar: longe e perfeito para uma insolação, não tem árvores. O Parque da Água Branca, que demorei tanto a conhecer, foi uma decepção na minha primeira visita. O guarda pediu que eu levantasse a canga, pois não podia sentar na grama. Numa ida mais recente, felizmente, o chafariz voltou a funcionar, o que atraiu mais público para a área do jardim, que teve seu gramado invadido por pessoas descansando, fazendo ginástica ou meditando.

Água Branca – o recanto agropecuário no meio do caos urbano

Anyway, para ir a qualquer um desses, mesmo que eu queira caminhar (caminhar no parque e não até o parque), preciso pegar um ônibus ou ter carro. Ainda sinto falta de um jardim perto de casa!

Descubram o programa de domingo dos paulistanos do Centro: Elevado Costa e Silva, o Minhocão (fotos).

terça-feira, 22 de julho de 2008

peles azuis



Estava pensando com os meus pés... afinal, de que cor são os Smurfs?

Esses personagens, que completam 50 anos em 2008, são quase "flicts": têm a cor síntese de todas as raças. Preto demais é azul; branco demais, azul; eu, que sou quase pele vermelha, fico roxa, principalmente na falta de banho de sol e se sinto frio - roxo é azul. Quem não fica azul?


foto do dia 19/2, no Centre Belge de La Bande Dessinée, em Bruxelas

Falando em animação, começa nessa quarta, dia 23, o Anima Mundi em São Paulo.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

estrelas



Lembram do meu primeiro post neste blog?

No final de semana de 12 e 13 de julho, tive certeza de que, pelo menos nos sábados e domingos do centenário da imigração japonesa, as principais ruas da região oriental de São Paulo deveriam ser exclusivas para pedestres. Nesses dias, elas foram, e a Liberdade não estava apenas no nome do bairro, que ficou ainda mais colorido. Era a comemoração do 30º Festival das Estrelas. Não sei se a CET interditou as ruas no ano passado, mas a decoração não pareceu muito diferente, aos menos pelas fotos desse álbum – entre nessa página e conheça a origem do evento.

Saibam mais sobre o Centenário aqui.

Para quem se inspirar e quiser tentar aprender a fazer o tsuru, segue um vídeo que a Lella me passou:



Foto: Luiz: São Paulo’s eyes

domingo, 20 de julho de 2008

transporte público



Pode não ser o pior do país, mas o transporte público de São Paulo está muito longe de ser bom. Desde 2004, os paulistanos utilizam o “bilhete único”, um cartão pré-pago para ônibus e metrô. Antes dele, o melhor recurso oferecido na cidade eram os bilhetes múltiplos de 2 ou 10 passagens para metrô, que, por serem de papel, facilmente desmagnetizavam no contato com imãs de carteiras e, às vezes, ficavam presos nas máquinas antes de esgotarem. A vantagem de usar o bilhete (em vez de comprar passagens avulsas) é a economia: na utilização de ônibus + metrô, você paga menos no segundo transporte (ônibus custa hoje R$ 2,30; metrô, R$ 2,40; os dois, com bilhete, R$ 3,65 – nem é tão mais barato assim); e o desconto é maior para quem viaja de ônibus, que pode utilizar até 4 linhas num período de 3h (novidade do prefeito – leia mais aqui –, que permite ir e voltar do cinema pagando uma única passagem).

De casa (considerada Centro) até o trabalho (num bairro do “Centro expandido”), com o bilhete único, não preciso mais esperar a demorada linha de ônibus que me deixa mais perto do escritório. Nesse trajeto nem tão longo, posso usufruir de quatro linhas pagando por uma só: uma até a Av. Brasil, outra no Detran, outra até a Borges Lagoa, outra até a minha parada (ou uma direto até o Detran e outra até minha parada, são várias opções). Nada mais justo para quem enfrenta esse trânsito, apesar de que, geralmente, quando estou com pressa e opto por trocar várias vezes de ônibus, levo o mesmo tempo que se tivesse ficado esperando a linha mais demorada. Desço na minha parada e adivinhem que ônibus está logo atrás de mim? O meu, claro. O que não funciona muito bem, mas preciso checar, é se eu der uma paradinha no Parque Ibirapuera e depois pegar um ônibus da mesma linha, no mesmo sentido – aí é pago? Parece que sim.

Não são tantos os benefícios aos passageiros de ônibus (fora que esses veículos sejam mais vazios que o metrô na hora do rush). Para quem recebe vale transporte do trabalho, é uma maravilha, nunca precisa enfrentar filas: basta encostar o bilhete VT em uma das várias máquinas das estações de metrô ou até de supermercados, que ele ganha crédito automaticamente. Para quem anda só de ônibus, é uma incomodação: tem que encontrar um posto de recarga autorizado, pois é impossível colocar créditos com o cobrador ou nas paradas. Além das estações de metrô, algumas bancas de revista e lotéricas oferecem esse serviço. Nas lotéricas, entretanto, o sistema está quase sempre fora do ar.

Quando você fica com apenas R$ 2,25 de crédito, por exemplo, é a mesma coisa que nada: você pode colocar pelo menos R$ 1,00 a mais no posto ou paga a passagem integral para o cobrador e ele valida o cartão para que você pegue um próximo ônibus. Uma informação não está disponível no site da SP Trans é que se você tiver carregado menos de R$ 20 da última vez, a máquina não o permitirá andar num segundo ônibus de graça. Sem saber, outro dia, para não ficar sem crédito, carreguei R$ 5,00, o suficiente para ir e voltar. No dia seguinte, paguei dois ônibus até o trabalho. Se eu tivesse carregado no mesmo valor de sempre e deixado acabar o crédito, teria direito a apenas duas validações de ônibus com pagamento em dinheiro*.

Dizem que essa regra criada pelo prefeito Kassab é uma medida para incentivar os passageiros a carregar bastante seus cartões para “evitar filas”. Leia-se medida de receber dinheiro antecipado. As filas continuam, já que há menos atendentes para o bilhete único e muito menos usuários para as passagens unitárias de papel no metrô. Na maioria das vezes há só um atendente para carregar os cartões (no máximo dois, muito raro, mesmo em estações centrais e de mais de uma linha, como a Sé ou o Paraíso), uma fila de mais de 30 pessoas, e muitas vezes o “sistema” (do cartão de recarga ou de débito) sai do ar. Por outro lado, os cobradores têm muito menos trabalho – exceto que têm mais tempo para auxiliar pessoas com dificuldade, com cadeiras de roda, para distribuir os jornais gratuitos entre os passageiros, ajudar o motorista a fazer manobras, etc. – e muito menos troco.

Já existem outros tipos de bilhete, além do comum, do estudantil e do especial, mas não há muita informação sobre eles. Criaram há pouco o “lazer”, para viagens das 18h de sábado até as 18h de domingo por apenas R$ 2,00, e o “fidelidade”, que parece que integra também os trens e tem passagem mais barata. Ninguém sabe direito como funcionam, nem existem folhetos explicativos. Por que não copiar o transporte de cidades européias como Paris ou Londres? (Alguns condutores do metrô até estão falando “mind the gap” em português e há um aviso no chão para deixarem os outros passageiros saírem antes de entrar, o que ninguém respeita...) Eles têm pacotes semanais e mensais muito mais baratos. Nesses casos, dependendo da forma como você carregar, o bilhete pode ter uma data de validade, mas você pode pegar quantos ônibus quiser. Mesmo que utilize quatro ou cinco dos sete dias disponíveis, costuma sair mais em conta.

Tecnologia que demorou para chegar aqui foram os painéis de horário de ônibus. Tinha prometido ao Diego que mostraria para ele o painel do corredor da Av. Nove de Julho antes que ele voltasse da Austrália (ele ficou apavorado, no bom sentido, com a pontualidade em Sydney). Pouco tempo antes dele voltar, os painéis voltaram a funcionar aqui perto, dificilmente dizendo o tempo que falta para o ônibus chegar (quando indicam, aparece “aprox. 6 minutos”, que deve ser o deslocamento do terminal até a parada do INSS), mas apontando que linhas estão no corredor (o que a gente geralmente enxerga). Observem as fotos do amanhecer da última quinta-feira, mesmo dia que o Diego voltou ao Brasil.




* Dois cobradores de linhas diferentes me passaram essa informação, mas a moça do guichê de recarga do metrô não confirmou e há nada sobre isso no site da SP Trans. Tentei pedir informações pelo contato da internet, mas não sei se vai funcionar, pois é tudo tão burocrático, que o formulário disponível na rede é um modelo para boletim de ocorrência e não para simples mensagens de críticas, informações e sugestões. Eles não são capazes de me mandar um e-mail com a resposta: “Obrigado pela colaboração. Solicitamos que no prazo de 20 dias retorne ao site da SPTrans, para a obtenção da resposta referente a sua solicitação. Favor no ato da consulta informar o número de protocolo da solicitação”. Se alguém quiser me ajudar a checar a informação, meu protocolo é o W-31736.