terça-feira, 27 de maio de 2008

gentileza

é tão raro alguém ceder seu lugar (geralmente sou eu quem oferece) que estranho quando se dispõem a sair de seu espaço no ônibus ou metrô por mim: estou tão cansada assim? estou muito torta? carregando muita coisa pesada? estou barriguda? essa blusa me deixa com barriga?

outro dia me ofereceram (isso foi estranho, mas gentil) aquele canto com encosto estofado (para quem fica de pé) no 6338. quase sempre me arrependo por não aceitar. isso só acontece na volta do trabalho, devo parecer exausta mesmo.

domingo, 25 de maio de 2008

virada

já perdi o timing para escrever sobre isso, mas, a pedidos, aqui vão minhas considerações atrasadas sobre a Virada Cultural



dessa vez, faltou um pouco de magia na Virada. até pouco antes do começo, quando fiz essas fotos, as luzes da cidade acesas, vendo o palco infantil, a expectativa estava grande. o pôr-do-sol no Anhangabaú estava lindo, queria ter levado uma câmera profissional e uma grande angular; apesar de que, quase na hora dos shows oficialmente começarem, uma mulher muito estranha veio alertar a mim e à minha amiga que cuidássemos das bolsas e não exibíssemos muito a câmera.

por um lado, é legal a idéia da diversidade de opções, muitos espetáculos ao mesmo tempo - mas senti que todas as boas apresentações foram simultâneas, então era impossível curtir um pouco de uma e pegar o final de outra. a agenda ficou mais apertada, ainda mais com os palcos distantes. a Ana Botafogo já estava em cena, enquanto uma equipe ainda montava um cenário (o grande bombril aí da foto) de um palquinho lateral.



nesse meio tempo, ninguém acertava o foco na "bike", no malabarista que atravessaria de bicicleta o vão entre a Prefeitura e o Shopping Light e desceria no Anhangabaú. a luz que víamos nos artistas eram deles próprios, dos seus flashes de auto-retratos, porque quase ninguém reparou que já estavam literalmente "no ar" (bem diferente da Sininho na parada noturna da Disney ou mesmo do grupo que escalou o Shopping Light na última edição do evento, cheios de luz e som).



com um orçamento incrivelmente maior que o de 2007 (ano leitoral agora), faltou um pouco de qualidade técnica, infra-estrutura: luz (exceto na Gal. Olido, onde meu amigo fez a luz), som (98% dos palcos muito baixos, especialmente nas primeiras 12h), segurança (hoje tem Parada Gay e tem muito mais policiais na rua), limpeza (vergonhoso) e divulgação (até um dia antes, pouca gente antenada sabia da Virada; pelo menos nos palcos, naquelas 24h, a programação foi bem exposta). as pessoas ficaram mais dispersas com os palcos mais distantes (mesma crítica que fizeram ao FSM em POA em 2005), e lá pelas 22h a maioria dos transeuntes estavam muito bêbados. a "virada" não se concretiza se depois das 22h já não é tão seguro estar na rua. talvez por isso as melhores atrações tenham sido programadas até a meia-noite e a partir das 9h da manhã. nem mesmo as 24h de filme de minuto aconteceram, pois com a luz do dia não havia projeção ao ar livre.

como previsto no post abaixo, tive mesmo medo dos smurfs barulhentos franceses. fugi dos sinalizadores deles. por sorte. quem se meteu no meio da muvuca quase teve câmera roubada. talvez seja mesmo difícil manter a ordem na madrugada com um povo tão mal-educado.

um dos momentos mais emocionantes da Virada - vamos falar de alguma coisa boa - foi o show do Borghettinho no domingo, provando que é um mestre do bandoneón. não me chamem de bairrista! no último dia 14 assisti ao Bajofondo, que faz percussão com o bandoneón, não música, quase uma ofensa chamar aquilo de tango (é o tipo de banda de quem, há um tempo atrás, eu compraria o cd para ouvir apenas duas músicas); nem posso comparar esses falsos porteños com o espetáculo do gaúcho. vejam O Último Bandoneón, que finalmente estreou nos cinemas brasileiros, para entender de que tango que estou falando.