sábado, 29 de agosto de 2009

retomada

Já estava esquecendo como é bom renovar o corte de cabelo e assumir novo visual. Da penúltima vez, meu cabeleireiro não queria que eu mudasse. Mas nada como mais de 10 anos de confiança para deixar ele mexer como quiser. Dessa vez, ele só pediu minha permissão.

Ele anda mais empolgado desde que assistiu ao "Divã", que foi um sucesso de bilheteria principalmente no Rio Grande do Sul. Como conseqüência (eu não gosto da nova gramática, quero continuar usando trema, posso?), ele diz que rejuveneceu pelo menos uma semana, porque a sessão de cinema rendeu tantos dias de risada. Ele chegou a pedir minha opinião sobre o filme, mas esqueci de contar que, óbvio, lembrei dele na cena do "repica, repica, repica".

Resolvi voltar a escrever aqui justamente para não deixar registrar opções de arte/entretenimento que possam provocar longos lindos sorrisos como efeito colateral.


Quinta-feira passada, pela primeira vez, andei por São Paulo à noite me sentindo na França. Foi a mesma sensação do final do primeiro dia em Paris, depois de circular a pé pelos principais pontos da cidade, enquanto atravessava o Jardin des Tuileries. Como é magnífico caminhar pela Rua dos Patriotas e ver o Museu do Ipiranga todo iluminado!

Para conhecer a metrópole paulistana, recomendo sair dali com o ônibus elétrico 4113-10 sentido Praça da República, que se pega entre o parque e a padaria do Mário (aproveite para pedir para o gaúcho, se ainda estiver lá, servir um pavê de chocolate com morango), em frente ao hospital São Camilo. A parada é na rua Paulo Bregaro, 276. No trajeto, depois da Vila Mariana, só se vê pontos turísticos do Centro histórico: Liberdade, Praça João Mendes, Praça da Sé, Páteo do Colégio, Largo São Bento, Prefeitura, Viaduto do Chá, Theatro Municipal. Existe um programa gratuito de caminhada noturna pelo Centro iluminado que sai do teatro às quintas-feiras à noite, nunca acompanhei. Deve ser tão bonito quanto.

"Da paura" no Ipiranga são as mansões, algumas restauradas, outras completamente abandonadas. E outra preciosidade do bairro, não canso de me impressionar, é o Sesc Ipiranga, com lanches bons e baratos, atendentes que te chamam pelo nome, uma sala de leitura (com algumas casinhas de boneca que me fizeram lembrar a Monica e a Phoebe num episódio de Friends) e um teatro bacana. Onde vimos um espetáculo de bonecos muito legal chamado "Film Noir". Nunca consegui ir ao Festival de Bonecos de Canela, mas já saciei um pouquinho o desejo me deliciando com a forma com que a companhia carioca PeQuod manipulava personagens, cenários, pontos de vista, metalinguagem e palavras. Se não valesse por tudo isso, uns dos bons momentos da peça foram as interpretações de "It's Oh So Quiet", na versão original da música, dos 1950 - sim, a Björk não é tão original mas sabe escolher. Um trechinho do ensaio deles:




Além de um bom corte de cabelo, continuo admirada como vale a pena um par de lentes de contato. E se dentro de um teatro elas podem não parecer adequadas, já que o gelo seco incomoda a garganta quanto mais a visão, nada como um belo show para recarregar as baterias, lubrificar os olhos e deixar os ouvidos bem afinados. Meu mês de agosto, que está fechando com chave de ouro, começou também bem em outro Sesc, o Vila Mariana: Mônica Salmaso e Sujeito a Guincho, que me fizeram lacrimejar com "Send in the clowns". O sujeito Luca Raele ainda deu uma aula sobre música aleatória, clarinetas e 1/2 clarinetas, funk indígena, edificar, etc.

Respirar arte, a mais pura a-r-t-e, que permite contemplação, nos dá inspiração para muitos dias seguintes e um sabor de "quero mais".