domingo, 27 de julho de 2008

jardim público




Todo cidadão deveria ter o direito a uma praça perto de casa. Existe alguma lei que permita isso? Um dos maiores choques de quem muda para a grande metrópole ou sai de uma casa para um apartamento é a falta de jardim.



No filme La Faute à Fidel, a protagonista enfrenta exatamente isso: quando seus pais se mudam para um apartamento, sua amiguinha comenta, “vocês não têm mais jardim”. E a Anna retruca que agora eles vão às praças.

Para que essa substituição seja perfeita, entendo praça como uma área de convivência e lazer para fazer a fotossíntese. Procuro nesse espaço gramado para sentar, alongar, fazer piquenique, etc. e receber raios de sol. As praças do Centro geralmente têm jardim com flores e cerquinhas: ninguém pode sentar na grama, apenas nos banquinhos.

Na Flip, a diretora salteña Lucrecia Martel comentou que, mesmo muitos anos fora de nossa cidade natal, vamos nos sentir ETs na nova cidade, o que provocará inevitáveis comparações. Eu vivo esse conflito. Enquanto em Porto Alegre, eu podia escolher a que praça ir – para qualquer lado da rosa dos ventos –, e todas elas teriam sol e grama, mas eu tinha jardim e pátio. Nem preciso citar o bairro, pense em qualquer região da capital gaúcha: não vê uma pracinha a poucos passos?

Em São Paulo, até tenho varanda – que não pega sol, só um viés de luz no comecinho da manhã, uma vez por ano. Achava que não tinha praça, mas veja bem, posso ir a pé a várias delas: Praça Roosevelt, Praça Dom José Gaspar, Praça Ramos, Praça Buenos Aires, Praça do Bixiga, Praça da Sé. Pois nenhuma delas tem grama para sentar. A mais arborizada delas, pelo menos para valorizar o nome, é a Buenos Aires, talvez uma das metrópoles melhor resolvidas com as áreas verdes que conheço.

Na capital paulista, temos os parques. Nenhum deles acessíveis. O Parque Ibirapuera ainda nem tem metrô perto. Para quem chegar de ônibus, as paradas ficam longe uma da outra – é realmente um parque para andar, mas não há estrutura sequer para alguém caminhar pela calçada fora das grades, ao redor do parque. (Poderia fazer um longo monólogo sobre o Ibirapuera, seus shows gratuitos e suas águas dançantes, mas vamos parar por aqui.) Do Parque Villa-Lobos, nem vou falar: longe e perfeito para uma insolação, não tem árvores. O Parque da Água Branca, que demorei tanto a conhecer, foi uma decepção na minha primeira visita. O guarda pediu que eu levantasse a canga, pois não podia sentar na grama. Numa ida mais recente, felizmente, o chafariz voltou a funcionar, o que atraiu mais público para a área do jardim, que teve seu gramado invadido por pessoas descansando, fazendo ginástica ou meditando.

Água Branca – o recanto agropecuário no meio do caos urbano

Anyway, para ir a qualquer um desses, mesmo que eu queira caminhar (caminhar no parque e não até o parque), preciso pegar um ônibus ou ter carro. Ainda sinto falta de um jardim perto de casa!

Descubram o programa de domingo dos paulistanos do Centro: Elevado Costa e Silva, o Minhocão (fotos).

4 comentários:

Juliana disse...

A cidade onde eu vivia até um mês atrás possuía muitas praças e parques lindos!
Com muita grama para sentar e fazer o que se quiser. Até dormir!

Nunca fui a Buenos Aires, mas tu disse isso porque esteve em Londres no Inverno...

Tem fazendas urbanas e muitas, muitas flores.

Aqui em Barcelona a maioria das muitas praças não tem grama... tem algumas árvores, mas tem o Parc Güel (que não tem grama para sentar), o Parque com o labirinto no Vall D'Ebron (não sei se é assim que escreve) e próximo à Vila Olímpica passamos de bus por um com bastante grama.

Eu sempre morei em apartamentos, então não tenho essa falta que tu tens de um jardinzinho... mas sinto falta dos parques no MEIO da cidade e dos gramadões verdes.

Anônimo disse...

that's true, saudades dos parques londrinos, maravilhosos...

Anônimo disse...

Oi,
eu sugiro que tu dê uma olhada no Parque da Juventude, que fica onde era o antigo Carandiru. Tenho certeza que tu não vais te arrepender, é só descer na estação Carandiru do Metrô, fica na frente do parque. É novinho e limpo. Vale muito a pena.

Bia disse...

Lu, a menininha anti-comunista de La faute à Fidel sou eu ;D